O candidato à liderança do PS José Luís Carneiro considerou esta quinta-feira que a situação política nos Açores mostra que, por “mais amplas, precárias e oportunísticas coligações”, a direita não “garante estabilidade em lado nenhum”.
Em declarações aos jornalistas à chegada ao Palácio dos Marqueses da Praia e Monforte, onde se reuniu com militantes do PS no concelho, Carneiro foi questionado sobre a situação política nos Açores, depois de o Presidente da República ter convocado o Conselho de Estado para 11 de dezembro na sequência do chumbo do orçamento regional para 2024.
“Demonstra que a direita não garante a estabilidade em lado nenhum, e ocorre num momento já muito difícil para o nosso país. Neste momento, os portugueses desejam estabilidade, serenidade, previsibilidade e esses acontecimentos recentes nos Açores mostram isso mesmo: a direita não consegue ser fator de estabilidade”, afirmou.
Pouco depois, no discurso aos militantes, Carneiro disse ser “com profunda tristeza” que assiste ao que está a acontecer nos Açores, considerando que é uma “demonstração evidente” de que, “por mais amplas, precárias e oportunísticas coligações, a direita não consegue dar previsibilidade e estabilidade a Portugal”.
“O PS, sim, já deu provas de ser o partido de previsibilidade, da confiança e da estabilidade”, disse, uma mensagem que reforçou igualmente aos jornalistas, defendendo que, num quadro de convulsão internacional, é necessário que os partidos adotem “lideranças e projetos políticos” que incarnem esses valores.
“Nós temos um futuro pela nossa frente: temos um orçamento para executar, para valorizar os rendimentos das famílias, o emprego e as qualificações, o investimento público. A estabilidade é essencial para cumprirmos esses compromissos com os portugueses e com os nossos parceiros europeus”, disse.
Interrogado se coloca em causa a decisão do Presidente da República de dissolver o parlamento e convocar eleições, uma vez que o PS tinha uma maioria absoluta para garantir estabilidade atualmente, Carneiro recusou comentar as decisões de Marcelo Rebelo de Sousa.
“O que quero dizer é que o PS quer continuar a ser um fator de estabilidade, de previsibilidade e de desenvolvimento no nosso país, dando resposta às necessidades das pessoas”, disse.
Para o candidato à liderança do PS, “as pessoas já vivem com tantas dificuldades, que garantir condições para manter e salvaguardar as pensões, valorizar as pensões e os salários, particularmente dos mais jovens”, são tarefas exigentes que requerem das lideranças, “particularmente do PS, essa capacidade para oferecer uma proposta política que dê estabilidade”.
O Presidente da República convocou uma reunião do Conselho de Estado para 11 de dezembro, depois de ter ouvido hoje os partidos representados no parlamento açoriano, na sequência do chumbo do orçamento regional para 2024.
Hoje o próprio presidente do executivo dos Açores, José Manuel Bolieiro, do PSD, e os outros dois partidos da coligação de Governo, CDS-PP e PPM, defenderam que deve haver eleições regionais antecipadas, perante a perspetiva de novo chumbo se fosse apresentada uma segunda proposta de orçamento regional para 2024.
A proposta de orçamento foi chumbada há uma semana, na generalidade, com votos contra do PS, BE e IL e abstenções do Chega e do PAN, tendo recebido apenas votos favoráveis dos três partidos que integram o Governo Regional, PSD, CDS-PP e PPM, e do deputado independente Carlos Furtado, ex-Chega.
O executivo chefiado por José Manuel Bolieiro deixou de ter apoio parlamentar maioritário desde que um dos dois deputados eleitos pelo Chega se tornou independente e o deputado da Iniciativa Liberal rompeu com o respetivo acordo de incidência parlamentar, em março deste ano.
O Governo de coligação PSD/CDS-PP/PPM mantém um acordo de incidência parlamentar com o agora deputado único do Chega no parlamento açoriano.