Os economistas brasileiros têm acompanhado com atenção as recentes decisões do Banco Central (BC) em relação à taxa básica de juros, a Selic. E após a divulgação da ata da última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), ficou claro que o esforço na comunicação tem sido uma das principais estratégias da instituição para evitar pistas sobre quais condições são necessárias para o início dos cortes na Selic.
A ata, que foi divulgada na última terça-feira (18), mostrou um Copom cauteloso e atento às expectativas de inflação fora do ponto. Isso significa que o BC tem levado em consideração não apenas a inflação oficial, mas também as projeções do mercado e as expectativas dos consumidores para a inflação futura. Essa postura mostra uma preocupação em manter a inflação sob controle e garantir a estabilidade econômica.
Um dos fatores que vem sendo destacado pelos economistas é a atividade econômica moderada. Isso significa que, apesar de alguns indicadores mostrarem uma melhora da economia, ainda não é possível afirmar que a recuperação está consolidada. Por isso, o BC tem optado por manter a Selic em 6,5%, o menor patamar da história, mas sem fazer sinalizações claras de que a taxa de juros irá cair nas próximas reuniões.
Essa postura tem sido vista como acertada pelos especialistas, pois evita surpresas no mercado e mantém a credibilidade do BC. Além disso, a comunicação clara e transparente tem sido um ponto forte da gestão do presidente do Banco Central, Ilan Goldfajn. Desde que assumiu o cargo, em 2016, Goldfajn tem se empenhado em melhorar a comunicação do BC com o mercado e a sociedade, o que tem sido bem recebido pelos economistas.
No entanto, alguns analistas acreditam que o Copom pode ter sido um pouco mais “hawkish” (postura mais dura em relação à inflação) na ata divulgada na última terça-feira. Isso porque, apesar de reforçar a mensagem de que a Selic deve permanecer inalterada, o texto trouxe algumas ressalvas como, por exemplo, a necessidade de manter a cautela em relação ao cenário internacional.
Essa postura mais cautelosa pode ser explicada pelo atual cenário político-econômico do Brasil. Com as eleições presidenciais se aproximando, há uma grande incerteza em relação ao futuro da economia. E o BC tem deixado claro que está de olho nessa questão. A ata destacou que uma possível deterioração das expectativas para a economia pode gerar impactos negativos no mercado financeiro e, consequentemente, na inflação.
Por outro lado, o Copom reforçou que a economia brasileira tem mostrado resiliência e que a recuperação deve continuar, mesmo que de forma gradual. Além disso, o BC destacou que a perspectiva para o mercado de trabalho é positiva, com um aumento no número de contratações e uma queda na taxa de desemprego.
Em resumo, a ata divulgada pelo BC mostrou que o Copom está atento às expectativas de inflação, mas também à atividade econômica e ao cenário político. Com uma postura cautelosa e uma comunicação clara e transparente, o Banco Central tem conseguido manter a inflação sob controle e garantir a estabilidade econômica do país. Resta agora aguardar as próximas decisões do Copom e acompanhar de perto os desdobramentos da economia brasileira.