Desacelerar. Parar o tempo. Essa é a proposta de Jeff Wall, um dos maiores nomes da fotografia mundial. E no Museu de Arte, Arquitetura e Tecnologia (MAAT), suas obras iluminam as paredes da sala oval, convidando os espectadores a fazerem uma pausa e contemplarem cada detalhe dessas imagens incríveis.
Nascido no Canadá, em 1946, Jeff Wall é conhecido por suas fotografias que misturam elementos do cinema, da pintura e do teatro. Suas imagens são cuidadosamente planejadas e executadas, resultando em composições complexas e carregadas de significados. E é exatamente esse olhar meticuloso que nos faz mergulhar em um universo que mistura realidade e ficção.
Ao entrar na sala oval do MAAT, somos recebidos pela obra “Dança” (2013), que nos leva diretamente para um baile antigo, no qual a classe social de cada pessoa é representada pelas máscaras que usam. A iluminação e o cenário nos fazem acreditar que estamos presenciando algo que realmente aconteceu, mas na verdade, é tudo uma encenação criada pelo artista.
Caminhando pelas salas seguintes, somos apresentados à outras obras de Wall, como “Não” (2000) e “O vinho dos homens, as lágrimas das mulheres” (2013). Em ambas, temos a sensação de que o tempo foi congelado, permitindo que analisemos cada detalhe minuciosamente. Em “Não”, vemos uma cena que aparentemente foi interrompida, com uma figura masculina segurando um bebê e uma mulher parada, com os olhos fixos em algo que não conseguimos ver. Já em “O vinho dos homens, as lágrimas das mulheres”, uma aglomeração de pessoas é retratada em um momento que parece fora da realidade, onde o choro e o riso acontecem simultaneamente.
Em cada uma de suas fotografias, Jeff Wall nos faz refletir sobre questões sociais, políticas e culturais. Seus trabalhos são uma forma de contar histórias e de nos fazer questionar o mundo ao nosso redor. E por isso, suas obras vão muito além do simples registro de um momento, elas têm o poder de nos transportar para um universo que vai além do que nossos olhos podem ver.
Ao final da exposição, somos impactados pela obra “A viagem” (2007), que nos faz repensar a forma como vemos o tempo. Uma cena aparentemente banal, na qual duas pessoas estão em uma breve conversa, é retratada de forma ampliada, fazendo com que o tempo pare de existir. É como se estivéssemos congelados em um único momento, permitindo que o olhar se aprofunde cada vez mais naquele instante.
De forma sutil e poética, Jeff Wall nos mostra a importância de desacelerarmos em um mundo cada vez mais acelerado. Suas obras nos convidam a parar e observar os detalhes, a mergulhar em histórias que podem não ser reais, mas que certamente são verdadeiras em algum aspecto. Em um tempo em que tudo parece passar tão rápido, é importante fazer uma pausa e refletir sobre o que realmente importa.
Ao sair da exposição, somos levados a pensar sobre nossas próprias vidas e sobre como podemos nos desconectar um pouco do caos cotidiano para apreciarmos cada momento com mais intensidade. Afinal, é isso que Jeff Wall nos ensina com suas fotografias: a importância de desacelerar e de aproveitar o tempo da melhor forma possível.
Em suma, a exposição de Jeff Wall no MAAT é uma verdadeira experiência visual e emocional, que nos faz refletir sobre o nosso papel no mundo e sobre a forma como enx