O torcedor do Flamengo acusado de atirar uma garrafa de vidro e causar a morte da palmeirense Gabriela Anelli, de 23 anos, em julho do ano passado, continua recebendo salário da Prefeitura do Rio de Janeiro.
Jonathan Messias Santos da Silva foi preso em agosto e de lá para cá recebeu quase R$ 24 mil líquidos, mesmo não exercendo as funções.
O servidor está nos quadros da prefeitura desde 2019. Ele é concursado para o cargo de professor do ensino fundamental mas atuava como diretor da Escola Municipal Almirante Saldanha da Gama, em Campo Grande, na zona oeste da capital fluminense.
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De acordo com o Portal de Transparência da Prefeitura do Rio, o salário bruto de Jonathan é de R$ 6.018,55. No entanto, desde a prisão, começou a ser descontado em folha um valor em torno de R$ 2.000 por reclusão e ele passou a ser lotado na Secretaria de Fazenda e Planejamento, a quem o setor de Recursos Humanos pertence.
O desconto de um terço do salário está previsto no Estatuto do Servidor da Prefeitura para casos de prisão, até que a Justiça decida se o acusado é culpado ou não. Caso seja condenado, o servidor é exonerado.
Folha de pagamento disponível no Portal da Transparência da Prefeitura do Rio / Reprodução
Em nota, a Secretaria Municipal de Educação informou que, na ocasião da prisão de Jonathan, foi solicitada a suspensão do salário dele. “Inclusive, o secretário de educação, Renan Ferreirinha, já se manifestou contra o recebimento de salário por servidor preso”, disse um trecho da manifestação.
As folhas de pagamento publicadas no Portal da Transparência mostram ainda que, em outubro, três meses após a prisão, Jonathan embolsou um abono de R$ 7.021,01 por “prêmio desempenho”.
A CNN questionou a Secretaria sobre o motivo do benefício, que informou que este refere-se ao acordo de resultados do período trabalhado em 2022, ano em que o servidor atuou normalmente.
Portal da Transparência revela prêmio recebido por Jonathan em outubro / Reprodução
A defesa do torcedor do Flamengo disse à CNN que, uma vez que o caso ainda está sendo julgado, Jonathan tem o direito de receber o salário normalmente. A advogada Carolina Dias informou ainda que está em curso um habeas corpus no Superior Tribunal de Justiça (STJ) para que o servidor responda em liberdade e nega que o cliente tenha participação no caso.
Segundo a advogada, a defesa contratou uma perícia particular que teria constatado a impossibilidade de se comprovar que a garrafa que atingiu a vítima tenha sido atirada por Jonathan.
Relembre o caso
Em agosto do ano passado, o Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo (TJ-SP) aceitou a denúncia do Ministério Público e tornou réu o flamenguista suspeito de matar a torcedora do Palmeiras Gabriela Anelli, no mês anterior, após uma confusão no entorno do Allianz Parque, na capital paulista.
Na decisão, a juíza Marcela Raia Sant’Anna também determinou que a prisão de Jonathan fosse convertida de temporária em preventiva.
Em 8 de julho, Gabriela, foi atingida no pescoço por uma garrafa durante um tumulto no Allianz Parque, onde acontecia uma partida entre Palmeiras e Flamengo, pelo Campeonato Brasileiro.
Segundo a Polícia Militar, o tumulto começou quando dois torcedores flamenguistas entraram em uma das ruas que dá acesso ao portão A do estádio palmeirense, o que gerou a insatisfação de torcedores alviverdes que assistiam ao jogo em estabelecimentos comerciais na área externa do Allianz Parque.
Além de Gabriela, outro torcedor também ficou ferido. Em estado grave, a jovem foi levada para a Santa Casa de São Paulo mas morreu dois dias depois.
Segundo a Secretaria de Segurança Pública de São Paulo, ele o suspeito foi identificado por meio de câmeras de reconhecimento facial e foi indiciado por homicídio doloso por motivo fútil.
O caso ganhou repercussão nacional. Corinthians, Palmeiras, São Paulo e Santos postaram notas em suas redes sociais se solidarizando com a família da torcedora.
Este conteúdo foi originalmente publicado em Preso pela morte de palmeirense continua recebendo salário da Prefeitura do Rio no site CNN Brasil.