As obras literárias sempre foram uma forma de expressão e reflexão da sociedade em que vivemos. Ao longo dos séculos, diversos temas foram abordados pelos escritores, e um dos mais recorrentes é a infidelidade. Desde a Antiguidade até os dias atuais, a infidelidade tem sido retratada em diferentes épocas e contextos, servindo como uma forma de criticar costumes, expor hipocrisias e explorar o desejo proibido.
Na Grécia Antiga, por exemplo, a infidelidade era um tema presente nas tragédias gregas. Na peça “Medeia”, de Eurípides, a protagonista é traída pelo marido, Jasão, que se casa com outra mulher. A trama gira em torno da vingança de Medeia, que acaba matando seus próprios filhos para atingir Jasão. Além de mostrar a infidelidade como um ato cruel e traiçoeiro, a peça também aborda o papel da mulher na sociedade grega e como ela era vista como um ser inferior.
Já na literatura medieval, a infidelidade era frequentemente retratada como um pecado, uma transgressão moral e religiosa. Na obra “Decameron”, de Giovanni Boccaccio, um grupo de jovens se refugia em uma vila para escapar da peste negra e passam o tempo contando histórias. Uma das narrativas é a de uma mulher que, cansada das traições do marido, decide se vingar e acaba se envolvendo com outro homem. A obra mostra como a infidelidade era vista como uma forma de escapar de um casamento infeliz e opressor.
No Renascimento, a infidelidade ganha uma abordagem mais complexa e psicológica. Na peça “Otelo”, de William Shakespeare, o protagonista é manipulado pelo vilão Iago, que o convence de que sua esposa, Desdêmona, o traiu com outro homem. A obra explora os sentimentos de ciúme, vingança e loucura, mostrando como a infidelidade pode ser usada como uma arma destrutiva nas mãos de pessoas mal-intencionadas.
No século XIX, com o surgimento do romance realista, a infidelidade é retratada de forma mais crua e realista. Em “Madame Bovary”, de Gustave Flaubert, a protagonista Emma se casa com um médico de província, mas se sente entediada e infeliz em seu casamento. Ela acaba se envolvendo com outros homens na tentativa de encontrar a felicidade e a realização que não encontra em seu relacionamento. A obra critica a hipocrisia da sociedade burguesa e mostra como a infidelidade pode ser uma consequência de um casamento sem amor.
No século XX, a infidelidade continua sendo um tema recorrente na literatura, mas com uma abordagem mais moderna e questionadora. Em “O Amante”, de Marguerite Duras, a protagonista tem um caso com um homem mais velho e casado. A obra mostra como a infidelidade pode ser uma forma de rebeldia e libertação, mas também traz consequências dolorosas para os envolvidos.
Além de ser um tema presente na literatura, a infidelidade também é explorada em outras formas de arte, como no cinema e na música. Filmes como “Closer – Perto Demais” e “Infidelidade” abordam o tema de forma intensa e provocativa, enquanto músicas como “Traidor” de Paula Fernandes e “Ainda é Cedo” de Legião Urbana retratam a infidelidade como uma dor profunda e uma traição imperdoável.
Em resumo, as obras literárias de diferentes épocas mostram como a infidelidade é um tema universal e atemporal, presente em todas as sociedades e culturas. Ela serve