Nos últimos anos, a questão fiscal tem sido um dos principais desafios enfrentados pelo Brasil. Com um déficit crescente e uma dívida pública cada vez maior, medidas para equilibrar as contas do país se tornaram urgentes. No entanto, a economista Rafaela Vitória acredita que as medidas propostas pelo governo atual, apesar de cobrirem o déficit até 2025, não são suficientes para resolver a questão fiscal de forma duradoura.
Uma das principais medidas propostas pelo governo é a desvinculação dos pisos da saúde e educação. Essa medida, segundo a economista, pode até ajudar a reduzir o déficit no curto prazo, mas não é uma solução sustentável. “A saúde e a educação são áreas essenciais para o desenvolvimento do país e não devem ser tratadas como variáveis de ajuste fiscal”, afirma Rafaela.
Além disso, a revisão de regras do Benefício de Prestação Continuada (BPC) também é apontada como uma medida insuficiente para resolver a questão fiscal. O BPC é um benefício destinado a idosos e pessoas com deficiência em situação de vulnerabilidade social. A proposta do governo é aumentar a idade mínima para receber o benefício de 65 para 70 anos. No entanto, Rafaela ressalta que essa medida pode prejudicar os mais vulneráveis e não traz um impacto significativo no déficit.
Outra medida que tem sido discutida é o projeto de limite de supersalários, que visa reduzir os altos salários pagos a servidores públicos. Para a economista, essa é uma medida importante, mas que não resolve a questão fiscal por si só. “É preciso ir além e rever todo o sistema de remuneração do funcionalismo público, que muitas vezes é desproporcional e desigual”, afirma.
Um dos pontos mais polêmicos da proposta de ajuste fiscal é a reforma da previdência dos militares. Enquanto os demais trabalhadores terão que contribuir por mais tempo e com valores mais altos para se aposentar, os militares terão regras mais brandas. Para Rafaela, essa é uma medida que precisa ser revista. “Não é justo que os militares tenham um tratamento diferenciado em relação aos demais trabalhadores. É preciso que todos contribuam de forma igual para o equilíbrio das contas públicas”, defende.
Apesar de reconhecer que as medidas propostas pelo governo são necessárias para cobrir o déficit até 2025, Rafaela acredita que é preciso ir além e adotar medidas mais estruturais para resolver a questão fiscal de forma duradoura. “É preciso um ajuste fiscal mais amplo e profundo, que inclua uma reforma tributária e uma revisão dos gastos públicos, além de medidas para estimular o crescimento econômico”, afirma.
Para a economista, é importante que o governo tenha uma visão de longo prazo e não se limite a medidas paliativas. “O Brasil precisa de um ajuste fiscal que seja sustentável e que permita o crescimento econômico. Não podemos continuar adiando as reformas necessárias”, ressalta.
Apesar dos desafios, Rafaela acredita que é possível encontrar soluções para a questão fiscal e retomar o crescimento econômico. “O Brasil tem potencial para se tornar uma potência econômica, mas para isso é preciso enfrentar os problemas de forma corajosa e efetiva”, conclui.
Em resumo, as medidas propostas pelo governo para cobrir o déficit até 2025 são importantes, mas não resolvem a questão fiscal de forma duradoura. É preciso adotar medidas mais estruturais e ter uma visão de longo prazo para equilibrar as contas públicas