O clima político em Portugal está cada vez mais tenso, com acusações e trocas de farpas entre o primeiro-ministro António Costa e o líder da oposição, Rui Rio. A mais recente polêmica envolve uma possível comissão de inquérito sobre as medidas tomadas pelo governo no combate à pandemia do COVID-19. Enquanto Costa acusa o Partido Socialista (PS) de não querer respostas ou negociar, Rio afirma que o primeiro-ministro não pode ditar as regras da eventual comissão.
O tema da comissão de inquérito surgiu após a divulgação de um relatório do Tribunal de Contas, que apontou falhas na gestão dos recursos públicos durante a crise sanitária. Diante disso, a oposição tem pressionado por uma investigação mais aprofundada, mas o PS tem resistido a essa ideia. Segundo Costa, o partido não quer respostas, mas sim criar um “circo mediático” para prejudicar o governo. Já Rio alega que não é papel do PS, partido que está no poder, definir as regras para uma comissão de inquérito, pois isso poderia comprometer a imparcialidade da investigação.
Em meio a esse embate, fica a dúvida: quem está certo? O primeiro-ministro ou o líder da oposição? O que realmente importa nessa disputa é a busca pela verdade e pela transparência das ações do governo durante a crise sanitária. Não podemos permitir que interesses políticos se sobreponham ao interesse da população, que merece saber como o dinheiro público foi utilizado e se houve má gestão dos recursos.
O relatório do Tribunal de Contas já apontou algumas falhas no combate à pandemia, como a falta de planejamento na compra de equipamentos de proteção individual e a demora na contratação de profissionais de saúde. É evidente que o governo cometeu erros, e é necessário que esses erros sejam corrigidos e as responsabilidades sejam apuradas. Afinal, estamos falando de uma crise que afetou todo o país e causou a perda de milhares de vidas.
O papel da oposição é justamente fiscalizar as ações do governo e cobrar transparência. E é isso que Rio tem feito, ao pressionar pela abertura da comissão de inquérito. No entanto, é importante lembrar que a oposição também tem seus interesses políticos, e por isso é preciso que haja um diálogo e uma negociação para que a comissão de inquérito seja imparcial e cumpra o seu papel de investigar os fatos.
É compreensível que o PS tenha receio de que uma comissão de inquérito seja usada como palanque eleitoral pela oposição. Mas é preciso colocar os interesses do país acima dos interesses partidários. O momento exige união e colaboração para superar a crise sanitária e econômica. E isso só será possível com transparência e responsabilidade do governo em prestar contas à população.
Como cidadãos, temos o direito de saber como nossos recursos estão sendo geridos e se estão sendo utilizados da melhor forma para enfrentar a pandemia. Além disso, é importante que as falhas sejam corrigidas e que medidas sejam tomadas para evitar que elas se repitam no futuro. É um dever do governo prestar contas à população, e isso inclui aceitar uma comissão de inquérito imparcial e comprometida com a verdade.
Em vez de trocar acusações e criar um clima de animosidade, é hora de buscar soluções e trabalhar juntos. O povo português merece um governo transparente e responsável, que priorize o bem-estar da população