O deputado e candidato a secretário-geral do PS Pedro Nuno Santos defendeu quarta-feira em Setúbal a necessidade de se preservar o estado social e acusou o PSD de utilizar uma linguagem no Parlamento que “ultrapassou o Chega pela direita”.
“Nós assistimos [quarta-feira, no Parlamento] a um PSD com uma linguagem extremada, panfletária, hiperbólica” e, “do ponto de vista discursivo, a um PSD a ultrapassar o Chega pela direita”, disse Pedro Nuno Santos, num encontro com mais de 350 apoiantes, no superlotado auditório Charlot, em Setúbal.
“Mas ao mesmo tempo que tem esta linguagem extremada, que pouco o diferencia do Chega, do seu parceiro não assumido, assistimos a um PSD desesperado por apresentar propostas que lhes garanta algum resultado eleitoral no dia 10 de março. E é vê-los tentar provar, tentar mostrar, que farão diferente daquilo que sempre fizeram”, acrescentou.
Para Pedro Nuno Santos, o líder do PSD pode não se lembrar, mas está a fazer o mesmo que fez o ex-primeiro-ministro Pedro Passos Coelho, que prometeu não cortar salários nem pensões de reforma.
“Não vale a pena desculparem-se com a bancarrota. É que Pedro Passos Coelho, nas vésperas das eleições [legislativas de 2015], tinha garantido ao povo português, a todos os pensionistas, a todos os trabalhadores, que tinha feito as contas e que, portanto, não seria necessário cortar pensões nem cortar salários. Pois a primeira coisa que fizeram quando chegaram ao poder foi mesmo cortar pensões e cortar salários”, recordou o candidato à liderança do PS.
“Não satisfeitos com o corte de salários e pensões que tinham feito, tentaram mesmo que eles fossem permanentes. Não eram só cortes temporários para o país sair da situação difícil em que estava. Era para serem cortes permanentes, que só não foram permanentes porque o Tribunal Constitucional chumbou cinco tentativas”, acrescentou, lembrando ainda que o então governo PSD/CDS só não fez cortes adicionais de 600 milhões de euros, porque, entretanto, o PS assumiu responsabilidades governativas, com o apoio parlamentar do PCP e do BE.
No encontro com militantes socialistas, Pedro Nuno Santos defendeu também que um dos desígnios nacionais deve ser a preservação do Estado Social, que considerou estar “ameaçado” pelos partidos de direita.
“Nós olhamos para o Estado Social, conhecemos os seus problemas e sabemos que tem que haver intervenção, tem que haver reforma, têm que ser feitas reformas. Só que a nossa conceção de reforma não é a deles [dos partidos de direita]. Que ninguém se engane. Quando nós falamos de reformas, nós não estamos a dizer as mesmas coisas que eles dizem quando falam de reformas estruturais”, frisou.
“Para eles, reforma que é reforma, tem que doer. Senão não é reforma. Quando eles falam em reforma, falam sempre em liberalizar qualquer coisa, privatizar qualquer coisa, desregular. Para eles, as reformas, é entregar de forma crescente parte da saúde pública aos privados, o mesmo com o sistema público de pensões e o mesmo com a escola. Essas são as reformas deles, não são as nossas”, assegurou Pedro Nuno Santos, lembrando que a construção do Serviço Nacional de Saúde (SNS) foi uma reforma feita, “muitas vezes contra a vontade deles [dos partidos de direita].
O candidato à liderança do PS Pedro Nuno Santos defendeu ainda a necessidade de se dignificar o trabalho de todos, de todas as profissões, dos professores, dos médicos, dos trabalhadores da administração pública, reconhecendo que nos últimos anos os salários do setor privado cresceram três vezes mais que os salários na administração pública e que “as consequências hoje são terríveis”.
“Essa também é uma tarefa e uma responsabilidade de todos nós”, disse Pedro Nuno Santos, no encontro que contou com a presença de vários autarcas da região, de João Soares, da ministra da Habitação Marina Gonçalves, do ministro da Educação João Costa, do deputado André Pinotes Baptista e da coordenadora dos deputados do PS eleitos por Setúbal, Eurídice Pereira, mandatária da candidatura no distrito.