A apresentação de um livro do eurodeputado e dirigente social-democrata Paulo Rangel juntou hoje em Lisboa o chefe de Estado, Marcelo Rebelo de Sousa, o presidente do PSD, Luís Montenegro, e o antigo primeiro-ministro Pedro Passos Coelho.
O ex-presidente do PSD chegou enquanto Montenegro prestava declarações à comunicação social e, no fim da sessão, enquanto Passos Coelho ainda estava no auditório, o líder social-democrata saiu por um corredor lateral, sem que se tenham cumprimentado.
“Eu não vou fazer declarações porque não costumo fazer, como sabem”, afirmou, à saída, Passos Coelho.
A antiga presidente do PSD Manuela Ferreira Leite, o cardeal Américo Aguiar e sociais-democratas como José Pedro Aguiar-Branco, José Luís Arnaut ou Maria Luís Albuquerque também estiveram na sessão de apresentação do livro “Elementos de política constitucional — Ciência Política, Teoria da Constituição e Direito Constitucional”, editado pela Almedina, num auditório Universidade Católica Portuguesa, em Lisboa.
A apresentação deste livro de Paulo Rangel estava prevista para 08 de novembro, mas foi adiada devido à demissão do primeiro-ministro, António Costa, apresentada um dia antes, acabando por coincidir com um momento de pré-campanha para as legislativas antecipadas que estão anunciadas para 30 de março.
No início da sua intervenção, Marcelo Rebelo de Sousa considerou que, “aceite o convite há tempos mais antigos do que os passados mais próximos, teria sido um absurdo e uma menor consideração aqui não vir”.
Antes, Paulo Rangel agradeceu ao Presidente da República por ter aceitado o convite que, referiu, era “um pouco provocatório”, para discursar nesta sessão, “e pelo entusiasmo que pôs, e pela circunstância de ter acedido ainda adiar e voltar a encontrar uma nova data para fazermos a apresentação”.
“Não era fácil aceitá-lo, mas aceitou logo”, declarou o eurodeputado e primeiro vice-presidente do PSD, acrescentando: “É uma coisa que eu nunca terei forma de agradecer. Sinceramente foi uma aceitação que me surpreendeu e, portanto, naturalmente queria registar isso”.
Na apresentação da obra, de que salientou o “riquíssimo conteúdo”, o Presidente da República deixou também rasgados elogios ao autor.
“De um magnífico jurista que nos quer dizer que, seja o que venha a ser no que ainda tem de palmilhar, assume o direito, a academia, o saber pensar, como um alfa e ómega da sua definição específica”, disse.
Marcelo Rebelo de Sousa reiterou que “não podia faltar a este encontro”, com a justificação de que, “com a aproximação natural e sem dramas dos anos mais maduros e mais livres da nossa aventura terrena”, sabe-se melhor “que o tempo é um bem muito raro” e que “perdê-lo com o acessório ou secundário é um desperdício irreversível”.
“Há que convertê-lo no verdadeiramente essencial vivendo cada dia como se fosse o último, embora sonhando longe e fundo. É o que faço hoje, lembrando ao dr. Paulo Rangel que, sendo do mais qualificado que conheço em tantas vidas, nasceu e viverá sempre ligado ao Direito e ao seu sempre renovado magistério, porque aí tanto ou mais que nas outras vidas ele é de facto do que de melhor temos em Portugal”, disse.
Além de muitos deputados, incluindo o líder parlamentar Joaquim Miranda Sarmento, e membros da atual direção do PSD, como Hugo Soares, António Leitão Amaro ou Margarida Balseiro Lopes, assistiram igualmente à sessão o vice-presidente do CDS-PP Paulo Núncio, os antigos deputados democratas-cristãos Nuno Magalhães e Diogo Feio e os ex-governantes de executivos do PS Campos e Cunha e José Conde Rodrigues.